Sociedade EspĂ­rita de Rouen
CorrespondĂȘncia
CARTA DO SR. GUILBERT, PRESIDENTE DA SOCIEDADE ESPÍRITA DE ROUEN

Rouen, 14 de abril de 1869.

Sr. Presidente,

Senhores membros da Comissão Diretora da

Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Sentimo-nos felizes, Senhores, e vos felicitamos calorosamente pela presteza com que a vossa Comissão se constituiu sobre as bases indicadas por nosso venerado mestre.

Estávamos bem longe de esperar pelo golpe fulminante que tão cruelmente veio ferir a Sociedade de Paris e o Espiritismo inteiro; mas, se nos primeiros momentos, chocados pelo estupor e dolorosamente comovidos, curvamos a fronte para a terra onde repousam os restos mortais do Sr. Allan Kardec, hoje devemos erguê-la e agir, porque se a sua tarefa terminou, a nossa começa e nos impõe sérios deveres e uma grave responsabilidade.

No momento em que o sábio coordenador da filosofia espírita acaba de depor nas mãos do Todo-Poderoso o mandato do qual se havia encarregado tão digna e corajosamente, cabe a nós, seus legatários naturais, manter alta e firme a bandeira na qual ele gravou, em caracteres indestrutívies, ensinos que encontram eco em todos os corações bem-dotados.

Devemos todos nos reunir à Comissão Central, sediada em Paris, que para nós representa o mestre desaparecido, e é o que acontecerá, senhores, se, como estamos persuadidos, vos dedicardes a seguir o caminho que ele nos traçou.

Mas, bem entendido, para se realizar em tempo oportuno os projetos que ele indicava na Revista de dezembro último, e que, de certo modo, poderíamos considerar como seu testamento; para criar a Caixa Geral do Espiritismo, necessitais do concurso moral e material de todos. Todos devem, pois, no limite de suas forças, trazer sua pedra ao edifício. Tal é, pelo menos, o sentimento da Sociedade Espírita de Rouen, que vos pede a sua inscrição por mil francos, persuadida que está de que não poderia honrar melhor a memória do mestre do que executando, conforme os planos que ele nos deixou, aquilo que ele próprio teria realizado, se Deus, nos seus secretos desígnios, não houvesse decidido de outra maneira.

Aceitai, senhores, com as nossas saudações fraternas, a segurança do nosso inalterável devotamento à causa do  Espiritismo.

Pelos membros da Sociedade Espírita de Rouen,
A. Guilbert – Presidente
R.E. , maio de 1869, p. 220